Cassino meu amor . Thierry Rios

“(…) Nesse período crescíamos livres e intensamente, revendo e fazendo novos amigos a cada veraneio, descobrindo coisas novas e formando aos poucos nosso jeito de ser. Foi lá que aprendemos a namorar, que tomamos nossa primeira cerveja, nossos primeiros porres. Esse sentimento de liberdade durava até o retorno as aulas na cidade, que felizmente, naqueles tempos só acontecia nos primeiros dias de março.

Estou falando daquele Cassino com pouca gente, silencioso, cujos únicos carros na praia são dos surfistas. Aquele que nos permite escutar o barulho do mar entre uma ressaca e outra. Ele é quase bucólico, sem ser triste. Solitário, sem se sentir sozinho.

Esse é o Cassino meu amor! Entre um outono e outra primavera ele volta a ser um doce lugar tranquilo, sempre no nosso imaginário, meu melhor amigo. E enquanto não chega o próximo verão voltamos a nos sentir mais livres para caminhar, pedalar, observar, fotografar. Costumo dizer que na vida você pode até escolher ser protagonista, mas se preferir ser fotógrafo, com certeza, você não dá um passo sem olhar tudo ao seu redor.”

Thierry Rios

“Minha lembrança mais antiga com relação a fotografia é uma viagem a Montevideo juntamente com meus pais em 1954. Eu tinha apenas 5 anos de idade e enquanto meu pai foi visitar o Museu Oceanográfico, minha mãe e eu fomos passear pela cidade. A máquina fotográfica ficou conosco e na Plaza Independencia lembramos de fazer uma foto. Era uma máquina de fole, acho que marca Kodak, daquelas complicadas para armar. Depois de várias tentativas frustadas, minha mãe perguntou se eu não queria experimentar. O final da história é previsível. Armei a tal máquina, certamente por acaso, fizemos várias fotos e assim tive meu primeiro contato com a fotografia.

(…)

Fotografar para mim sempre foi, desde o inicio, somar um olhar sensível a um perfeito enquadramento. Se além disso a quantidade de luz existente ajudar, com certeza teremos, no mínimo, uma boa foto. Quanto tempo isso vai tomar, não importa. Já esperei horas prá fazer uma foto e esperaria ainda hoje. Se é P&B ou colorida, também não faz diferença, mas se tiver que escolher ficaria com o P&B, ainda que reconheça que existem temas que pedem por cor e eu faço uso disso. Mas P&B tem alguma coisa especial, alguma coisa que não te deixa dispersar a leitura. Alguma coisa de arte!”

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