Durante anos, a correnteza dos dias trouxe a Isabella Lanave uma advertência: “Não leve a sério o que ela diz”.
À certa altura, a observadora que há na artista apôs a esse comando, uma contra-ordem: “Ouça, no que ela diz, o que tantos estão dizendo.”
E, assim, Leve a sério o que ela diz costurou-se como um coro de imagens a serem ouvidas. O livro acolhe fragmentos visuais e textuais de experiências (possivelmente, entre as mais sensíveis e, certamente, entre as mais sérias de quem as viveu) trabalhadas em cumplicidade pelos fotografados e a artista.
Devolvidas à correnteza dos dias, as imagens nos convidam a abrir mão de qualquer rigidez e a acolher a mobilidade inevitável dos papéis: quem é são, quem é insano; quem fala, quem escuta.
Leve a sério o que ela diz é um convite, mas é também, (e talvez isso seja o mais tocante na iniciativa desse trabalho), uma sensível oportunidade para ouvir de novo.
– Por Maria Helena Bernardes, verão de 2022
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