O ano da mentira . Matheus Rocha Pitta

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Matheus Rocha Pitta tem o jornal [recortes, fotos, etc.] como fonte essencial em sua produção. A partir da coleta de imagens de manifestações em diferentes jornais [o acervo recolhido pelo artista é de longa data e está em constante expansão], Matheus elabora um calendário. Mas o artista extrai as frases das bandeiras e faixas e as substitui pela inscrição 1 April 2017.

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“Uma das primeiras coisas que me chamou atenção na minha chegada a Berlim, em 2017, foram as vitrines da cidade. Em vez de contratar designers profissionais, os donos de lojas parecem decorar as próprias janelas, de uma maneira bastante amadora, espontânea e divertida. Uma copiadora, por exemplo, tem uma enorme exposição de orquídeas, cuja relação com a impressão continua graciosamente incompreensível, a menos que você imagine o amor do proprietário por essas flores. Minhas instalações nos expositores que aluguei em duas estações de metrô para a exposição na residência Künstlerhaus Bethanien foram uma homenagem a esses modos de expor adoráveis, artesanais, do-it-yourself.
Quando convidado pelo projeto SOX para ocupar a vitrine na rua Oranienstraße, logo após a abertura de minha exposicão, tive que responder rapidamente. Em oposição ao projeto Ao vencedor as batatas, que desenvolvi durante a minha residência de um ano, eu só tinha duas semanas para criar algo novo. O tempo foi curto, então eu decidi tomar o tempo como ponto de partida, para ser preciso, o dia da abertura, 1º de abril, ou Fool’s Day.
É lido na página da Wikipedia dedicada à data: “Na Idade Média, o Dia de Ano Novo foi comemorado no dia 25 de março na maioria das cidades europeias. Em algumas áreas da França, o Ano Novo foi um fim de semana de férias que terminou em 1 de abril. Alguns escritores sugerem que os tolos de abril se originaram porque aqueles que comemoraram em 1º de janeiro se divertiram com quem celebrou em outras datas.” Então, os que comemoram em outro tempo foram considerados como tolos – mas, inversamente, expôem as convenções de medida do tempo.
Assim, no dia 1º de abril, numa vitrine da rua Oranienstraße, apresentei o The Fool’s Year, [O ano da mentira], um calendário em que todos os dias é Fool’s Day, o “Dia do Tolo”, ou ainda, como é conhecida a data no Brasil, o “Dia da mentira”. Todo o ano condensado e congelado em um único dia, ou um único dia inicial dilatado e diluído em um ano.
Todos os dias são representados por uma fotografia de jornal de manifestantes que possuem cartazes, faixas ou bandeiras, cuja reivindicação política específica eu removi e substitui pela data 1 April 2017 [1º de abril de 2017], tal como foi impressa nos jornais. Essas imagens provêm do meu próprio arquivo, que eu alimento quase todos os dias com fotografias de jornais. Adoro a linguagem do protesto, não é preciso concordar com o conteúdo para adorá-la. Tenho coletado essas imagens há quase oito anos, independentemente da sua reivindicação política, independentemente do lugar e da data delas. É um arquivo de gestos, de pura “medialidade” sem “finalidade”.
Então você vê 365 imagens de protestos, 365 dias do passado que não reivindicam senão a consciência de Hoje. Para ser considerado como um tolo é apenas uma questão de falta de tempo, de quebrar os relógios, como Benjamin cita em sua 15ª tese sobre o conceito de história:
‘Quem poderia imaginar! Dizem que irritados contra a hora
Novos Josués, ao pé de cada torre
Atiraram nos relógios para parar o dia.’”

Peso 0,308 kg
Dimensões 10 × 4 × 10 cm
Autor(es)

Matheus Rocha Pitta

Titulo

O ano da mentira

Editora

Ikrek

ISBN

9788567769158

Edição

Ano

2018

Tiragem

1000

Local de produção

São Paulo . Brasil

Idioma

Inglês, Espanhol, Português

Encadernação

Brochura

Páginas

365

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