Teatro da Pedra . Camila Sposati

R$219,00

Teatro da Pedra começa mudo, silencioso, sem uma palavra de texto. Abre com imagens de um buraco de onde saem vapores e de uma estrutura em caracol que desce ao fundo da terra e imediatamente remete ao Inferno de Dante. Imagens de referência (o Leviatã em gravura antiga, por exemplo) e desenhos preparatórios vão ajudando a compor a ideia de que o espaço retratado equivale a um teatro de arena. No avançar das páginas, aparece uma frase ou outra. Dark water. Theather of the water. Theather of the whole world. Uma página dedicada à ficha técnica do Teatro Anatômico da Terra confere a dimensão da multiplicidade de vozes que deram vida ao trabalho realizado por Camila Sposati na III Bienal da Bahia, em 2014. Ali são listados músicos, engenheiros, curadores, dançarinos, conselheiro espiritual, vice-prefeito, historiador da medicina, pedreiro, benfeitor etc.” – Paula Alzugaray

Livro em inglês.

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Convidada para a III Bienal da Bahia, em 2014, a artista plástica Camila Sposati decidiu criar para a mostra uma complexa estrutura que chamou de Teatro Anatômico da Terra.
Teatro, porque a construção de madeira se baseava na forma de uma pequena arena circular, com o palco no centro e, em torno, os lugares para a audiência assistir às apresentações cênicas.

Anatômico, porque se referia na forma e no conceito aos anfiteatros renascentistas onde se começou a praticar, diante de olhares curiosos e estupefatos, a dissecação de cadáveres humanos e animais.

Teatro Anatômico da Terra, porque não foi erguido sobre o solo, como são habitualmente construídos os teatros, mas foi escavado no chão, até uma profundidade de quase seis metros, nos fundos de uma casa colonial em ruína, em Itaparica, ao lado de Salvador.

Ou seja, Sposati não pretendeu criar apenas um espaço para experiências teatrais, mas também – e sobretudo – uma estrutura que levasse o público a deixar a superfície do mundo e descer, literalmente, ao fundo imemorial das entranhas da Terra.

“O buraco é uma imagem e também um vácuo que nos faz questionar e sentir um pertencimento à Terra, a experiência de estar vivo, à vitalidade”, explica a artista, neste livro fascinante, que registra a longa e conturbada história da construção do teatro, cujo projeto foi iniciado muito longe da Bahia, em pesquisas feitas por Sposati no Turcomenistão, a partir de “buracos” produzidos pela natureza e também pela exploração do homem, na era soviética.
“O Teatro Anatômico da Terra propõe uma encenação do drama do Moderno a partir de cada um de seus atos: camadas geológicas, arqueologia da espécie e da civilização, aumento brutal da escala, erupção de um novo tempo no espaço e, sob a perspectiva bergsoniana, o confronto com o vazio e a necessidade de outra forma de energia capaz de preenchê-lo”, escreve o crítico e curador Marcelo Rezende em um dos textos do livro que tanto analisam a desafiadora obra de Sposati quanto interrogam o leitor sobre as relações entre arte, natureza, história e pensamento.

Completam o livro penetrantes ensaios do artista Falke Pisano, do antropólogo Frédérick Keck e do médico Paulo Rosenbaum, além de entrevistas com o químico Andréa Sella e o arquiteto e o artista Juraci Dórea.

Formada em história, com Mestrado em artes plásticas pela Goldsmiths College, Sposati é uma artista que não se limita ao que lhe pode oferecer o “campo da arte”. Sua inquietude intelectual a leva a transitar em territórios um tanto inóspitos aos artistas, como a geologia e a química. É a arte, porém, que a conduz com segurança por esses caminhos, ciente que ela está de que apenas a criação artística é capaz de escavar dúvidas e produzir perplexidades sob o solo confortável das certezas.

Alcino Leite Neto, jornalista e editor.

Peso 0,48 kg
Dimensões 22 × 0,8 × 34 cm
Autor(es)

Camila Sposati

Título

Teatro da Pedra

Editora

Iluminuras

ISBN

9788573215410

Edição

Ano

2017

Idioma

Inglês

Encadernação

Brochura

Páginas

112

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