Vale TXT + Vale IMG . Murilo Romão, Daniel Justi e Douglas Prieto

O Centro da cidade de SP é um grande paradoxo: uma região de inestimável riqueza histórica, cultural e arquitetônica é também um lugar onde a nossa brutal desigualdade social está exposta aos olhos de todos. Essa realidade gera uma sensação de insegurança que transformou o Centro num lugar de passagem.

Ocupar o espaço público é mais que um direito. É uma maneira de manter a cidade mais segura, menos hostil.

Skatistas têm uma relação muito pessoal com a cidade: enxergam possibilidades onde a maioria das pessoas apenas passa apressada. E a permanência de skatistas em alguns espaços, como no Vale do Anhangabaú, sempre trouxe, mesmo que indiretamente, alguma segurança.

Em 2013, o então prefeito Fernando Haddad assinou, sem nenhuma consulta aos frequentadores, um projeto de revitalização do Vale com um escritório de arquitetura dinamarquês, que simplesmente desfigurou o local. O projeto só foi de fato executado pelo seu sucessor, Bruno Covas, em 2019.

Murilo Romão
Nascido em São Paulo, tem 31 anos e é skatista profissional desde 2012, com formação em Rádio e TV.
Produziu alguns vídeos de skate até meados de 2010, mas foi a partir da estreia da nova praça Roosevelt, que começou a abordar nos vídeos questões de direito à cidade e novas formas de habitá-la. Em 2016, junto aos amigos, realizou o Flanantes – o primeiro vídeo em conjunto, que culminou em um coletivo audiovisual com o mesmo nome, que seguiu pesquisando e produzindo vídeos com temas relacionados a correntes de pensamentos que buscam uma cidade outra. O coletivo é integrado por skatistas que atuam em diversas áreas como arquitetura, fotografia, antropologia urbana, artes, música etc. O coletivo atua também na área de educação usando a prática do skate e sua cultura de forma pedagógica.