Bruno Dunley é a publicação mais abrangente sobre a produção do artista, apresentando cerca de 100 obras, com os últimos dez anos de produção. As obras de Dunley partem de imagens encontradas e de uma análise da natureza da pintura na qual códigos linguísticos, como o gesto, o plano, a superfície e a representação, são compreendidos como um alfabeto, um vocabulário compartilhado. Recentemente, a prática de Dunley voltou-se à abstração gestual, sem, no entanto, deixar de lado a representação de objetos do cotidiano.
Esse é um projeto audacioso do ponto de vista editorial. As obras são mostradas a partir de um mesmo ângulo de visão, com uma parede de fundo e uma margem residual de um piso de concreto. A continuidade desse piso configura uma espécie de espaço expositivo linear. Composto por páginas duplas, o projeto gráfico surpreende pela criação de espaços escondidos que propõem novas relações espaciais para o expectador-leitor, que tem liberdade para estabelecer associações entre as imagens, oferecendo diferentes possibilidades de relações entre as obras.
Ao contrário de um texto crítico sobre a obra do artista, a publicação é divida em duas conversas: “Uma Conversa” entre o crítico e curador de arte Carlos Eduardo Riccioppo e Bruno Dunley e “Outra Conversa” com o registro do diálogo entre Bruno Dunley e os artistas Rodrigo Andrade, Ana Prata, Leda Catunda e e os curadores João Bandeira e Carlos Eduardo Riccioppo, frequentes interlocutores do artista. Essas duas conversas criam um pano de fundo para a aproximação do leitor com o trabalho de Dunley e com as questões que cercam a pintura e a arte contemporânea.