Corpes Prováveis . Bella Tozini

A dissidência aqui não é entendida apenas como tema, mas como processo, como gatilho que desencadeia uma busca e um caminho estético, em que política e arte se confundem e transbordam em modos de composição testemunhal e confessional na fotografia. A artista traz histórias de pessoas que enfrentam profundamente a exclusão estrutural, a discriminação e a marginalização na sociedade brasileira. Entendendo-os como uma interface política, cujas experiências vividas existem nos complexos cruzamentos de identidade de gênero, idade, raça, formas corporais, sexualidade, classe socioeconômica e localização geográfica.

A combinação de retratos e texturas (uma abordagem de intimidade focada no corpo) com textos testemunhais examina a intersecção entre a identidade individual e privada e os corpos dissidentes e a busca por uma conexão íntima com os outros. Em vez de tentar descrever uma identidade ou grupo específico – a identidade de gênero e a orientação sexual dos indivíduos variam e as formas de seus corpos.

As folhas com imagens e a brochura com textos, são apresentadas numa pasta ligeiramente maior. As folhas, quando dobradas ao meio, medem 20×30 cm, algumas imagens são impressas em toda a área da folha, enquanto outras são dípticos; a justaposição das imagens flui por assunto, forma, gesto e cor. Como as folhas são soltas, não encadernadas, elas podem ser organizadas de maneira diferente por quem manuzeia o fotolivro.

Nas palavras de Bella: “A ideia de usar essa estrutura de folhas soltas visa empoderar os leitores, aumentando sua participação na edição das imagens do fotolivro. Você pode ler a sequência narrativa conforme eu e a curadora planejamos. Ou , como um quebra-cabeça, você pode remontar as imagens e justapor elas em qualquer ordem e combinação que desejar. Você pode criar sua própria exposição e experimentar uma narrativa diferente e combinar imagens.”

Bella Tozini

Artista e pesquisadora do campo das artes visuais cujo trabalho explora questões de identidade por meio de retratos fotográficos e vídeo. Sua prática artística está centrada nos corposdissidentes e suas estratégias de subversão e visibilidade entre os campos da cultura pop e da tradição. Publicou o fotolivro de retratos “Lacração”, sobre a comunidade LGBTQI+ da cidade de Jundiaí – SP em 2018. Em junho de 2019, realizou a exposição fotográfica e intervenção urbana “Lacração – Territórios”, ambos os projetos foram contemplados pelo ProAC – SP. Seu projeto mais recente lançado em agosto de 2021 é o fotolivro – “CorpesProváveis” – com fotografias e entrevistas de artistas e ativistas LGBTQIAP+. Vive na cidade de Cabreúva com atuação em grupos e coletivos culturais das cidades de Itu, Jundiaí, Campinas e região.