Um diário visual, em que muitas vezes o desfoque nos lembra a rapidez com que o tempo se esvai em nosso mundo célere. Um diário visual em que as imagens esbranquiçadas nos remetem à memória que se dilui, à realidade que se esfumaça, o ver através da cortina. Um trabalho que se inspira no momento, no mundo à volta, na beleza, na delicadeza.
Devaneios de “sonhar acordado”, como escreve o próprio artista: “catalogar o mundo ao redor”, “abortando coisas mais do que seres” e “com negativo 35mm, intuitivamente, a maioria das vezes com uma câmera no automático”.
Uma fotografia do cotidiano, não necessariamente documental, de fragmentos, poética, uma fotografia que não teme questionar as regras técnicas do aparato, o certo e o errado, e não se submete ao photoshop, uma fotografia que, ao invés de colocar a tecnologia no pedestal, faz desta um instrumento de criação e de liberdade para olhar em torno: o que se vê já é suficientemente belo e/ou estranho a ponto de impressionar um espírito sensível, o que dizer se sobrepõe à obediência à máquina.