As retóricas fotográficas envolvem sutilezas simbólicas de classes sociais de atestação de poder e riqueza – de um período específico que remete a meados do século 19 e início do 20. O lugar: o nordeste brasileiro, o estado de Pernambuco. A sociedade: oligárquica, patriarcal, aristocrática em contraposição à escravidão.
Território econômico-geográfico, agrário, do plantio da cana-de-açúcar. Legado colonial impregnado de diferenças, de posses (fosse de terras, fosse de gente). Espaço da casa-grande, da senzala e de discreta burguesia urbana. Uma história permeada de fausto, opulência, maus-tratos e melancolia. Sociedade partida em duas faces contundentes.
Esse é o cenário do novo livro da escritora e antropóloga Georgia Quintas: Jogos de aparência – Os retratos da aristocracia do açúcar. Quintas analisa, através da antropologia visual, os álbuns das famílias abastadas de Pernambuco durante o final do século 19 e começo do 20. Após pesquisar mais de 17 mil retratos, a antropóloga nos apresenta uma narrativa intrigante de um período rico e obscuro da sociedade brasileira.
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