Henrique Carneiro tinha 9 anos quando soube da morte da mãe. Mas foi só aos 18 que seu pai lhe contou a forma: suicídio. Foram-se mais alguns anos até que todo o processo de ressignificação da mãe e do luto resultassem no fotolivro Luciara. “Percebi que não tinha na minha cabeça o ideal da figura materna. Não lembro de nada da minha infância, quando ela estava viva, então resolvi redescobrir pela fotografia quem foi minha mãe”, conta ele. Depois de assistir a dezenas de fitas VHS registradas pelo pai, de 1985 até o ano 2000, ano em que Luciara morreu, Henrique cria uma narrativa em que o leitor vai conhecendo sua mãe aos poucos, entre fotografias e documentos – a autópsia, o atestado de óbito, depoimentos de pessoas interrogadas na época e capa do inquérito. “Assim como só fui saber de tudo aos 18 anos, o leitor entende o que aconteceu ao final do livro”, conta ele, que escolheu ainda um formato diferente para a publicação, um encarte em formato de fita VHS. Ao todo 136 fotografias, dos registros de festas aos dias mais comuns, até o último filme, pouco tempo antes da morte, do aniversário de Henrique no ano 2000, costuram a vida de Luciara nesse intervalo de tempo.
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