A infância de Talita se deu em bairros periféricos como Jardim Pirajussara, Jadim Macedônia e Capão Redondo. Depois de fazer um curso gratuito e sacar o que queria fazer da vida, ela conseguiu uma bolsa de bacharelado em fotografia pelo Senac e nunca mais parou. O pai, servidor da corporação, foi tema de um trabalho acadêmico (que se estendeu pelos anos até a conclusão da faculdade) intitulado Pai Polícia. “Fiquei obcecada pela minha família e pelo embate de classes que eu vivenciava diariamente estudando numa universidade de classe média e morando na periferia. Os professores ficavam putos quando eu apresentava uma continuação eterna do projeto do semestre passado, mas é que eu simplesmente não conseguia resolver o assunto em pouco tempo”, conta.
A caçula da família é constantemente retratada ao lado do pai, como na imagem em que o revólver está em cima do armário da cozinha ou até mesmo quando Simplício se apruma para ir trabalhar e a filha mais nova lê um livro sentada na cama. “Projeto na minha irmã pequena os sentimentos controversos que sentia quando eu tinha a idade dela.” Talita tem essa imagem como sua preferida da série. “Eu e ela somos a mesma pessoa nessa foto.”
Por: Débora Lopes / Vice