Um livro-tempo que se materializa como uma ampulheta onde a sua totalidade se destrói e se reconstrói. É a tentativa inútil de manter para sempre o equilíbrio e a simetria, um fracasso constante. O tempo se esgota e o amor se dissolve; é aquela coisa que nunca permanece a mesma. O tempo é o que destrói o presente e constrói ruínas.
Lucía Peluffo materializa essa ideia ao usar uma fotocopiadora como ferramenta destrutiva de imagens. A partir de duas fotografias que evoluem aleatoriamente e perdem o seu estado original. Transformando esta ação num exorcismo eletrônico do esquecimento e da memória.
Lucía Peluffo
Nasceu em Buenos Aires em 1989. Estudou Desenho Industrial na Universidade de Buenos Aires (Argentina), e ao mesmo tempo formou-se em artes visuais em diferentes ateliês de artistas. Seus estudos em design reforçaram seu interesse pelos materiais, sua origem e propriedades, e seus processos de produção e reprodução. É assim que aborda as artes visuais: questionando os seus dispositivos, o elemento fotográfico e a natureza da imagem.
Os seus projetos nascem de experiências pessoais e acabam por assumir a forma de livros e/ou exposições onde vemos perfeitamente refletida a sua formação como designer. Por exemplo, para falar sobre a desintegração de seu casal, ela usa uma fotocopiadora e cria um formato de livro que fala sobre a passagem do tempo, e para falar sobre suas dores físicas ela trabalha com imagens científicas de seu corpo e as reproduz usando técnicas que dialogam com a história de sua representação. Este último tem sido, desde há 4 anos, o eixo central dos seus trabalhos atuais e futuros.
Como pode ser visto em sua obra, a forma sempre reforça o conteúdo.