Em O infarto da alma, Paz Errázuriz realizou retratos de casais apaixonados que se formaram dentro do hospital psiquiátrico Philippe Pinel, na cidadezinha de Putaendo, no Chile. São fruto, como em quase todas as suas séries fotográficas, de uma relação de anos de com esses indivíduos, calcada no respeito mútuo.
São fotos de uma riqueza emocional sem par, distantes das tradicionais representações visuais da loucura. As imagens, portanto, ajudam a dar corpo e voz a pessoas que beiram o esquecimento e que, ao se entregarem ao amor, resistem a toda despersonificação que já lhes foi imposta pela sociedade e pelo Estado.
O texto de Eltit multiplica essas vozes, extraindo delas outros sentidos ao misturar e subverter gêneros (relato de viagem, ficção em forma de carta, poesia, ensaio e depoimentos colhidos in loco) para falar, em última instância, do amor – que tem, em comum com a loucura, uma “tendência a se fundir, a se confundir com o outro”.
Como resultado, este poderoso levante contra o discurso dominante da razão é uma narrativa única e profundamente humana, em que as artistas chilenas conseguem unir todos nós, os de dentro e os de fora dos muros do sanatório, numa mesma vertigem amorosa.
Paz Errázuriz
Vive e trabalha no Chile.
Sua obra foi exibida no Chile e internacionalmente, destacando sua exposição Réplicas e Sombras na sala da Fundação Telefónica em Santiago 2004, na Bienal de Veneza 2015 e a retrospectiva Adentro-Afuera na Mapfre Foundation em Madri 2015-2016, também exibida na Arles, França, no Museu Amparo em Puebla, México e no Museu Nacional de Belas Artes, Chile, em 2018.
Cofundadora da Associação de Fotógrafos Independentes (AFI) e colaboradora da revista Apsi e de várias agências de imprensa, recebeu as bolsas Guggenheim (1986), Fundación Andes (1990), Fulbright (1992) e Fondart (1994, 2009 e 2018).
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