Olho a Olho Nu . Rômulo Nascimento

O livro é organizado em três partes:
primeira parte. Corpus, inicia com a primeira inserção: pequena lâmina colada ao livro contendo parte do texto do prefácio da edição de Poesias Completas, de Machado de Assis, em que ocorre um erro, a troca do “e” pelo “a”, corrigido a mão, tornou-se um dos deslizes mais famosos da literatura brasileira. Primeira página em branco e uma sequência de 8 páginas-duplas com imagens que vão do close desfocado, até a imagem definida e indecente da dobra, da obra o-fendida com os erros: sensual e sedutora.

segunda parte. Nu, começa com uma ação: uma página é arrancada em homenagem aos erros extirpados, parte da página permanece. O véu começa a ser retirado, nas imagens a tipografia começa a falar. O livro e o artifício principiam por se mostrarem em oito páginas-duplas. Nessas vemos tatuado em seu corpo a palavra “Nu”, e seguimos até a última e mais longa linha de uma lista de erros retirada do livro Teoria da poesia concreta. Desta última correção tomamos o nome da obra aqui apresentada.

terceira parte. Errata. Uma inserção, como a primeira, pequena lâmina colada entre as páginas, nela a imagem de um erro corrigido manualmente com um xis. Intervenção manual retirada do exemplar consultado, em que um leitor resolveu agir a caneta e fazer justiça com as próprias mãos, sem se importar em manchar, ferir o exemplar. Importante é apontar a indesejada imperfeição, pecado em um livro, onde os erros são eternos. Essa inserção é dedicada, portanto, ao leitor atento, que corrige até em inglês e observa, estupefato, quando dois espaços brancos se põem lado a lado. E seguem dez páginas-duplas com imagens da lista de erros contida na edição. A errata é registrada em vários ângulos, descortinando a estranha e bela verdade que o erro pode ensinar.