Nesse primeiro livro dedicado exclusivamente a obra do fotógrafo paraense Guy Veloso, com edição de Eder Chiodetto, ressalta-se uma das raras qualidades do artista: desde muito cedo o ele conseguiu definir o seu grande tema de interesse na fotografia e nele se mantém avidamente até hoje. “E assim será para sempre”, como ele próprio afirma. A pesquisa metódica de um tema tão complexo como as manifestações religiosas brasileiras transformou, nos últimos 30 anos, a ele próprio e a sua fotografia.
Se no começo detectamos um documentarista clássico girando em torno de seu objeto, com o passar dos anos, do conhecimento e da intimidade acumulados, a fotografia de Guy deixou de representar os rituais para apresentá-los. Essa mudança, que pode parecer sutil, é na verdade a passagem do fotógrafo documentarista para o artista visual. A fotografia deixa de ser apenas um suporte onde se grava impressões, para se tornar extensão da sua imersão profunda nesse universo. Deixa de ser relato de mão única para ser a expressão legítima e dialógica de um encontro com o outro, com o inominável, com o divino.
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