A cultura aimará compartilha um idioma no qual um mesmo termo possui vários significados, dependendo dos contextos de enunciação. Isso permite combinações que se articulam em figuras opostas, mas que, em um espaço diferente, se complementam. Essa relação define um equilíbrio e, ao mesmo tempo, um dinamismo entre dois mundos: o mundo dos corpos materiais e o mundo dos significados espirituais. Essa lógica não binária expande noções como tempo e espaço para uma zona cinzenta intermediária, um corredor que permite compreender os opostos como simultâneos. A partir da fotografia, essa zona cinzenta permite a expressão de paradoxos sociais, culturais e econômicos que ocorrem, por exemplo, na vida dos descendentes aimarás na cidade; aspecto especialmente significativo são as práticas ritualísticas em contextos urbanos marginalizados da cidade de Arica. A construção narrativa deste trabalho assumirá esse princípio como eixo central para a criação de sentido no conjunto fotográfico. O manqha pacha seria aquilo que está embaixo, o escuro, a morte — mas em sincronia com o que é luminoso, acima. O lugar da transformação (a zona cinzenta) seria o espaço explorado pela edição fotográfica neste caso, em consonância com a possibilidade de ampliar a série para outros espaços de significação que completam a dinâmica da cosmogonia aimará.
Rodrigo Villalón Ardisoni
É o autor do conteúdo fotográfico dos livros que Challa gerou. Ele também é o editor de fotografia e coordenador do design, layout e processos de impressão dos livros. Rodrigo cuida ao máximo da qualidade visual e material dos livros, tratando-os como um objeto artístico.
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