Das tantas miradas às mais de 12mil fotografias que guardo do arquivo público de Belo Horizonte, por muito tempo me chamou a atenção um tipo de imagem recorrente neste arquivos: a presença recorrente de crianças nos eventos políticos, seja na prefeitura ou em eventos externos, de inauguração ou qualquer tipo de apresentação. Presença que serve bem a uma “humanização” dos senhores governantes, à politicagem. De todo modo, foram as crianças que me chamaram a atenção, a presença que não faz pose, desatenta quando quer e às vezes atenta ao que ninguém parece notar, assumidamente – e comicamente – entediada ou curiosa, uma presença que não participa ativamente dessa mesma politicagem que as faz ilustres.
– Maria Vaz
Maria Vaz
Artista visual e pesquisadora, mestre em Artes Visuais pela EBA/UFMG e bacharel em Artes Plásticas pela UEMG/Guignard. É membro dos coletivos/plataformas Women Photograph e Mulheres Luz. Em seus trabalhos trata das relações entre memória, esquecimento e imaginário, através de fabulações poéticas entre imagem, palavra e arquivos públicos e privados.
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