Nesta edição, fotografias de: Igi Lólá Ayedun, Paulo Nazareth, Gê Viana, Diego Moreno, Sophie Calle, Nicolas Gondim, Lyle Ashton Harris, Adriana Lestido, Penelope Umbrico
Textos de: Janaina Barros Silva Viana, Dinho Araújo, Cristina Rivera Garza, Clément Chéroux, Natércia Pontes, André Pitol, Katiúscia Ribeiro, Paloma Vidal, David Campany
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A 25ª edição da ZUM, revista de fotografia do Instituto Moreira Salles, chega às livrarias com destaque para a artista Igi Lólá Ayedun, capa da edição, e o artista mineiro Paulo Nazareth, que apresenta dois trabalhos. No primeiro, Notícias de América (2011-2012), Nazareth questiona preconceitos e estereótipos que impedem a circulação de determinadas pessoas na fronteira entre México e Estados Unidos. O próprio artista aparece nas imagens, segurando cartazes com frases como “Vendo minha imagem de homem exótico”. Em outra série, Etnografia branca (2019-2022), ele recorre a tradições iorubá para afugentar a morte representada pelo colonialismo dos arquivos fotográficos, como explica a professora Janaina Barros Silva Viana.
A série de imagens intitulada Eclosão de um sonho, uma fantasia, feitas pela artista paulistana Igi Lólá Ayedun, mistura fotografias e pinturas com pigmentos ritualísticos com o uso de inteligência artificial. Em texto que acompanha o ensaio visual, a filósofa Katiúscia Ribeiro observa que o trabalho traz a ancestralidade e as estéticas do pensamento africano para a arte contemporânea na diáspora. A série, que é um desdobramento do projeto apoiado pela Bolsa ZUM / IMS em 2022, ilustra a capa e a quarta capa da edição, e circula em versão de pôster exclusivamente para os assinantes.
A edição põe também em evidência as colagens da artista maranhense Gê Viana. As obras da série Hora grande (2020) reimaginam a vida nos quilombos na região de Alcântara, no Maranhão, defendendo os modos de vida originários contra as políticas de extermínio denunciadas pelo curador Dinho Araújo.
A revista publica ainda obras da série Influências malignas (2020), de Diego Moreno. O artista mexicano faz intervenções em fotografias do álbum de família para revelar os monstros da sociedade conservadora de seu país. Em ensaio que acompanha o trabalho, a escritora Cristina Rivera Garza analisa como a obra de Moreno desmistifica a estrutura patriarcal da instituição familiar tradicional.
A entrevistada da edição é a fotógrafa e escritora Sophie Calle, artista francesa mais conhecida e prolífica de sua geração. Em conversa com o curador Clément Chéroux intitulada Não gosto mais de você, agora que todo mundo gosta, Calle fala de acaso, amor, morte e intimidade em tempos de redes sociais, destrincha 30 anos de carreira e revela como, em sua obra, olhar para os outros se confunde com investigar a si mesma.
Há mais de 15 anos, o fotógrafo Nicolas Gondim documenta as brincadeiras dos papangus, personagens típicos dos festejos de Páscoa em algumas cidades do Ceará. A revista publica uma série dessas fotos, ao lado de um conto da escritora Natércia Pontes, em que as imagens desse bicho-papão mascarado assombram uma mãe que se confronta com a passagem do tempo e o medo da morte.
Em montagens feitas para as páginas da ZUM, o artista Lyle Ashton Harris apresenta uma síntese de seus Blow Up (2004-2009), paineis que misturam fotografias, recortes de jornais, cliques pessoais, anotações e outros materiais para, como escreve o pesquisador André Pitol, construir uma iconografia da representação de raça e das possibilidades performáticas da sexualidade masculina.
Ainda nesta edição, um ensaio da fotógrafa argentina Adriana Lestido, feito há 30 anos, em que Buenos Aires se revela uma metrópole anacrônica, que conjuga vestígios do passado e sonhos de futuro. Inspirada pelas imagens, a escritora Paloma Vidal percorre ruas e bairros da capital argentina com a perspectiva de um personagem que só vive no presente.
Fechando a revista, no ensaio Do sol ao pixel, o pesquisador e curador inglês David Campany explica por que a fotografia, da cópia de negativo analógico à imagem digital, sempre foi uma tecnologia maleável, que escapa às tentativas de definição e de controle. As montagens da artista americana Penelope Umbrico destacam a natureza fluida da fotografia e seu papel na cultura do consumo hoje.
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