Quando alguém se vê diante de uma situação de vida em virtual risco é co-mum o uso da expressão “passou um filme pela cabeça”. Ao bater os olhos nos negativos dos exames de imagem que esquadrinharam seu corpo duran-te uma investigação médica, passou pela cabeça do fotógrafo Aristides Alves, de 72 anos, não um, mas milhares de filmes da sua memória de quase cinco décadas de dedicação ao registro, divulgação, pesquisa e catalogação de imagens.
A convalescença em casa depois de uma cirurgia coincidiu com o isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus e o impedimento de voltar às ruas levou o fotógrafo a um mergulho nos seus arquivos pessoais. De lá emergiram 66 fotografias, organizadas em dípticos, trípticos e polípticos, em originais feitos com filmes de rolo, negativos 6×6, cromos, fotos de celular e resultados de exames de imagem.
O livro pode ser classificado como uma obra decorrente do novo ambiente social e cultural provocado pelo isolamento social no último ano, com a pan-demia do coronavírus, não só na concepção como também na materialização, já que é patrocinado pela Lei Aldir Blanc, criada para socorrer o setor cultural na pandemia.
Neste seu 20º livro, Aristides vai fundo na memória. A narrativa inclui regis-tros familiares da sua infância e adolescência, divididas entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Traz também fotos da infância dos dois filhos e o primeiro registro que fez da mulher, a atriz Joana Luiza Schnitman, na sua estreia com uma máquina fotográfica. Era seu primeiro rolo de filme, clicado e revelado por ele mesmo, em Salvador.
Aristides Alves nasceu em Belo Horizonte, em 1949. Desde 1972 mora em Salvador, onde se formou em Jornalismo e Comunicação pela UFBA. Realizou a exposição coletiva Fotobahia (1978/1984); foi coordenador do Núcleo de Fotografia da Fundação Cultural do Estado da Bahia, produziu e editou o livro A fotografia na Bahia (1839/2006). Foi um dos fundadores da primeira agên-cia baiana de fotografia, a ASA, e correspondente da agência paulista de fo-tojornalismo F4. Realizou diversas exposições individuais e participou de im-portantes coletivas no Brasil e no exterior. Tem 19 livros publicados, dedica-dos à investigação da paisagem humana e natural do Brasil. Seu trabalho in-tegra os acervos do Museu de Arte Contemporânea da Bahia, Museu de Ar-te Contemporânea do Rio de Janeiro, Museu de Arte de São Paulo/Coleção Pirelli, Museu Afro Brasil, Museu da Fotografia Cidade de Curitiba.
“Num rastro de relâmpago” tem apoio financeiro do Estado da Bahia, por intermédio da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Ba-hia (Programa Aldir Blanc Bahia), via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secreta-ria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.
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