Das artes plásticas à fotografia, Mario Cravo Neto (1947-2009) percorre uma trajetória marcada pelo sentido escultórico do corpo em suas múltiplas fragmentações, dos objetos em sua materialidade e simbolismos vários, dos personagens de sua cidade e seus espaços e entornos de espiritualidade e subjetividade. São construções conscientes realizadas no estúdio e no ambiente urbano, que revelam plenamente toda sua potência, desde a primeira série de imagens nos anos 1960 sobre as esculturas dos profetas de Aleijadinho, passando pelas investigações e experimentações com imagens em Nova York, até o conjunto de imagens icônicas e universais da série The eternal Now, iniciada nos anos 1980, e a profunda visceralidade das séries Laróyè e Candomblé, intuídas, construídas e registradas, em muitos momentos, em verdadeiro transe e sinergia com o intenso movimento das ruas e dos terreiros de sua Salvador de profundas raízes afro-atlânticas. Visceralidade, pertencimento, criação e ruptura o acompanharam em todos os momentos de sua obra, nas imagens escultura e land art de Nova York, em suas várias participações nas bienais de São Paulo, nas sérias fotográficas que o consagraram e nas diversas instalações e vídeos que produziu, abordando da guerra do Iraque à diáspora africana. Artista múltiplo, ao lado de outros nomes, como Miguel rio Branco, foi responsável pela efetiva entrada em cena da fotografia no meio artístico nacional e internacional, já a partir do início dos anos 1980.
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