Caminho nas úmidas madrugadas dos subúrbios de Buenos Aires, quase sempre faço isso no mesmo horário e com destino semelhante. Pratico o que se chama de rotina, que compartilho com milhões de homens e mulheres que não conheço, embora seus corpos se fundem ao meu para formar uma única matéria que caminha na mesma direção.
Olho para os seus rostos e procuro sinais nas suas histórias, procuro conhecê-los, aproximar-me daquele outro com quem nunca falei uma palavra mas, no entanto, sinto que algo me acompanha. Enquanto eu suo o mesmo suor de quem me toca mas não me abraça, penso que a solidão é uma armadilha que nos mantém distantes e invisíveis. Aonde nos levará esse incômodo bem-estar?
Facundo Jalil
Vive e trabalha na Província de Buenos Aires. Estudou Fotografia (2013), acompanhamento com Ana Gallardo, participou da Bienal de Fotografia Documental (2016) e do IV Festival Internacional de Fotografia Analógica da Patagônia (2019). Trabalha como produtor audiovisual no Centro Cultural San Martín CABA, é fotógrafo e professor.
Atualmente, sua obra aborda as solidões que habitam as massificações que compõem as paisagens das grandes metrópoles. É nesta incompreensão do turbilhão quotidiano que encontra uma das razões para explicar a violência com que convivemos diariamente.
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