No projeto, concebido e construído em intensa interação com o fotógrafo Walker Evans, seu amigo e mentor, o registro dos personagens do país em recortes sociais, econômicos, culturais e políticos distintos deram origem a um livro homônimo, cuja versão brasileira foi publicada pelo IMS – em parceria com a célebre editora alemã Steidl. Em Os americanos, Frank revela plena maturidade artística, desenvolvendo uma síntese de suas inquietações em relação à fotografia e aos limites dela como linguagem. Apesar de ter construído uma representação do país e de seus habitantes na década de 1950, de forte caráter autoral, o projeto teve lenta aceitação nos EUA. Mas, por romper definitivamente com o predomínio da técnica sobre a intuição e a expressão pessoal, aos poucos se tornou um marco divisor da fotografia no século XX. A obra de Frank privilegia experimentação e busca, numa poética própria de engajamento com seus temas, embate profundo com seus próprios sentimentos e permanente questionamento da realidade que o cerca. Em imagens de aparente imperfeição, sombras e áreas com pouca definição favorecem abstração e iconicidade. Com Os americanos, Frank inaugurou a fotografia de rua (street photography) e de estrada, livre de retórica e narrativas estruturadas. Uma ode poética que se tornou modelo e referência para artistas posteriores. Os americanos forma um belo painel sobre o artista que retratou, compreendeu e expressou em profundidade a América e a geração beat nos anos 1950. Ao mesmo tempo, Robert Frank expandiu as fronteiras da linguagem da fotografia e do cinema na segunda metade do século XX.