Entre 2009 e 2013, tentei responder a certas questões que me habitavam. Eu havia me tornado imigrante e vivia a condição de desenraizamento. Isso me levou a refletir sobre minha própria história familiar. Nessa deslocalização ocorre um processo lento e por vezes doloroso de construção de uma identidade que transforma.
Em Reprises decidi tentar reconstituir a história da minha família de origem italiana, que emigrou para a Argentina no final do século XIX. Meus bisavós fizeram parte desse grande movimento de migrantes que partiram para a América Latina. Um século depois, viveria experiência semelhante, embora meu itinerário fosse na direção oposta: troquei a Argentina pela França.
Mas como reconstruir a nossa própria história quando há silêncios, elementos que nos escapam ou dos quais desconhecemos? Como substituir esses detalhes que faltam? Uma história pode ser reconstituída de forma fragmentada, dispersa e não linear? É possível reconstruir o passado e a memória através da ficção? Qual seria então a sua legitimidade?
Apropriar-me da história familiar e da história coletiva foi a minha forma de recriar uma história possível, reconstruindo assim a minha própria identidade.
Alejandro Erbetta
Alejandro Erbetta é artista visual e pesquisador, doutor em Arts des images, spécialité Photographie, pela Universidade Paris 8. Seus temas de pesquisa giram em torno da fotografia e da poética da memória, da reconstrução de histórias, do imaginário e da ficção. O seu trabalho artístico foi exposto individualmente em França, Hungria, Itália, China, Coreia do Sul e Argentina. Obteve bolsas internacionais (Centre National des Arts Plastics, CNAP, entre outros), realizou residências artísticas (França, Itália, Grécia) e participou em festivais de fotografia na Europa, Ásia e América. Ele é diretor da Retina. Argentina e membro do Laboratório 4010 da Universidade Paris 8. Desde 2014 organiza colóquios internacionais sobre fotografia contemporânea. Publicou três livros de artista, dois livros de criação teórica e é compilador, juntamente com François Soulages, de doze livros teóricos. Suas obras são encontradas em coleções na França, Hungria, China, Coreia do Sul e Itália. Atualmente vive e trabalha entre Paris e Buenos Aires.
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