>>> “Talvez seja só uma coincidência”, diz um dos policiais no fim de Lost Highway, de David Lynch, ao justificar as mirabolantes simetrias no enredo. Foi o que lembrei no papo com Gregório Duvivier, quando o multiartista, 100% avesso a acasos astrais, contou ter nascido nos mesmos hora, mês e ano que sua mulher, Giovanna Nader. Até o fotógrafo Renato Parada, um budista caipira, se arregalou. Tipo de acaso repetido em outra matéria: Christo, tema de J.R. Duran, é um artista formado pelo casal Christo Vladimiroff Javacheff e Jeanne-Claude Denat de Guillebon, ambos nascidos na mesma hora do 13 de junho de 1936.
Nada é por acaso? Não deve ser coincidência que iconoclastas como Roberto Bolaño e Nicanor Parra, entre os maiores autores hispânicos, inspiraram a talentosa geração chilena de Alejandro Zambra, Lina Meruane, Nona Fernández, Benjamín Labatut – e Andrea Jeftanovic. Professora e autora do impressionante Não Aceite Caramelos de Estranhos, Jeftanovic explica a transição do país velhusco de Sebastián Piñera para a turma progressista de Gabriel Boric, mais jovem presidente latino-americano da História. Lá do limbo, Bolaño e Parra sorriem.
Se nada é por acaso, supor um Grande Titereiro é fábula fácil demais. Os caminhos do universo são misteriosos – e Morel tenta segui-los atrás de padrões na aleatoriedade, para “mergulhar na surpresa”, como pede o Mauricio Pereira. A criatividade múltipla de Duvivier nos inspira a ampliar o cardápio. Daí a diversidade invadir o terreiro das artes visuais, trazendo Priscila Rooxo, Powerpaola, Grazi Fonseca, Raphael Salimena, Sirlanney, além de nosso diretor de arte, Eduardo Kerges. Também abrimos espaço na programação Pessoas&UniversosAtemporais ao incorporar a política, sempre bagunçando a vida. Assim convidamos as artistas Anya Yanenko e Jenya Polosina, direto do front ucraniano, a desenharem uma crônica sobre como é viver a primavera em tempos de guerra. Daí ainda as imagens sarcásticas de Shinji Nagabe, ressignificando a expressão República das Bananas – que infelizmente voltou a renomear nosso país, conforme interpreta o escritor Miguel Del Castillo.
Na literatura acolhemos a polifonia de Paulliny Tort, Gustavo Pacheco, Adelaide Ivánova, Julia Codo, Andrea del Fuego e Marçal Aquino; este, revelando uma inédita face de poeta. Por falar em faces, Christian Gaul traz de Gana os rostos de quem carrega tudo na cabeça, e Kalaf Epalanga recria em ficção esta tradição fantástica (noutra coincidência, o brasileiro e o angolano são vizinhos em Berlim). Fantástico, mágico, único: proparoxítonas perfeitas para Chico Buarque, o Morel da edição, visitado pela fotocrônica de Leo Aversa. Existe ordem nesta revista, existirá ordem no mundo? “Se não há deus, então quem administra a vida humana e toda a ordem na Terra?”, provoca Mikhail Bulgákov n’O Mestre e Margarida. Se deus criou a comida, o diabo fez os cozinheiros. Bom apetite. (Ronaldo Bressane, editor).
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