A feira do rolo, em Campinas, está encravada entre o Aeroporto de Viracopos e o Jardim Itatinga, dois dos lugares muito mais que enrolados deste Desbrasil. Há anos que os frequentadores desta feira desembolam a arte da viração. Quem vive a vida no rolo tem que saber trocar ideia. Tem que olhar obliqua e dissimuladamente para os olhos ciganos do interlocutor. Lá ninguém vai impunemente, ninguém vai a passeio. O joguinho é jogado, e “o mais bobo acende cigarro no relâmpago” como já dizia o escritor João Antonio, mestre da picardia letrada nacional.
O rolo está registrado nas ideias trocadas por Manuel Antonio de Almeida, Lima Barreto, Monteiro Lobato, Mário de Andrade, Wander Pirolli – o que nos faz pensar que a própria arte seria o maior de todos os rolos desta terra brasilis.
(Adaptação do Texto de Flávio de Castro, parte integrante do fotolivro ROLO, Ed. Madalena, Abr 2019)