Tamo junto não é gorjeta, ensaio de Allan Weber, é um dos destaques da ZUM #20, também ilustrando a capa da revista. No trabalho, o fotógrafo carioca registra sua rotina como entregador de aplicativo.
A fotógrafa baiana Lita Cerqueira é a entrevistada da edição. Em conversa com a jornalista Maria Hirszman, a artista relembra os mais de 40 anos de sua carreira, marcada pela formação autodidata, o compromisso com a cultura brasileira e o reconhecimento tardio.
Esta edição também publica a série icônica Mesa da cozinha, da fotógrafa americana Carrie Mae Weems. Lançado há 30 anos, o ensaio se tornou um marco da representação das mulheres negras. Em 20 fotografias em preto e branco, tiradas sempre na cozinha de sua casa, a artista registra os dilemas de seu cotidiano.
A convite da ZUM, o artista Denilson Baniwa concebeu um trabalho inédito para a revista. Na série Ficções coloniais, Baniwa faz intervenções irônicas em fotografias dos povos indígenas feitas por Theodor Koch-Gru¨nberg no século XIX, inserindo ícones da cultura pop, como King Kong, E.T. e Alien.
A publicação também traz uma série de imagens provenientes do arquivo dos Paiter Suruí, que habitam os estados de Rondônia e Mato Grosso. Os registros recém-organizados mostram a vida dos moradores da aldeia e as consequências dos contatos com os brancos, em especial dos processos de evangelização. Este trabalho é acompanhado do texto de Ubiratan Suruí.
Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2006, o escritor turco Orhan Pamuk assina o ensaio Laranja, composto por fotografias e textos de sua autoria. O autor produziu as imagens enquanto perambulava pelas ruas de Istambul, registrando o rastro alaranjado das antigas luminárias urbanas, que estão sendo substituídas por lâmpadas frias.
A ZUM #20 publica ainda um conto inédito da escritora Ana Paula Maia, “Pássaro contra os dentes”. O texto é inspirado nas fotografias coloridas e surreais da revista TOILETPAPER, criada pelos artistas italianos Maurizio Cattelan e Pierpaolo Ferrari. Na narrativa, intercalada por imagens, um pássaro e um escritor atormentado enfrentam-se em um desfecho violento.
Ainda sobre as relações entre os povos indígenas e a fotografia, o arquiteto Paulo Tavares assina o artigo “Arqueologia do progresso”. O autor escreve sobre a investigação pericial que coordenou, em 2016, para compilar indícios do processo de extermínio do povo Xavante promovido pelo Estado brasileiro entre as décadas de 1940 e 1960. Aqui, suas fotografias ganham um novo papel, de documentação de um massacre.
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