“Envelhecer é constatar que o mundo que você conhece já não existe mais. Que tudo o que se foi é muito maior que a perda da capacidade cognitiva, da aparência da pele, da forma física esgotada. Envelhecer é aceitar que as convivências, os lugares, os sons e os cheiros se dissipam. Que as pessoas já se foram, ou se afastaram. Que aos poucos elas foram cedendo lugar para cômodos vazios, sem ruídos, sem nenhum indício de que, um dia, houve mais vidas ali dentro. Envelhecer é, por fim, compreender que a solidão é quase sempre um ponto de chegada, e que, por isso, é tão importante saber lidar com ela ao longo da vida toda.”
Nesse contexto surge DOSSIÊ AFETIVO. Publicação que o autor classifica como “micronovela”, foi escrita entre março e julho de 2019, e conta a história fictícia de três mulheres da mesma família a partir de entrevistas, cartas nunca enviadas, fotografias e emails. A estrutura física remete ao formato de uma pasta com divisórias, onde coexistem publicações e elementos soltos. Em cada uma das três partes, relatos, fotografias e outras lembranças auxiliam a montar (ou não) o quebra-cabeças de uma desgastada relação.