Teresina nasceu como Vila Nova do Poti, a partir de comunidades ribeirinhas de ancestralidade indígena e quilombola, que viviam onde hoje é a zona norte da cidade. Num mapeamento aéreo da zona urbana da cidade, temos a região da Avenida Boa Esperança como uma das poucas com vegetação nativa preservada e relação intrínseca com a subsistência de quem ali vive: pescadores, rezadeiras, artesãos, oleiros… No entanto, a comunidade passa por um momento crítico de “modernização” e ameaça sobre sua existência — o que significa também uma ameaça sobre as condições antropológicas, culturais e naturais, tão específicas e pujantes daquela região.
Maurício Pokemon fez novas imersões junto à Boa Esperança entre novembro2018 e março2019.
Neste período de residência entre a avenida e o Campo Arte Contemporânea, o artista produziu um inventário de fotografias analógicas sobre as relações literais e simbólicas daquelas pessoas com o Verde. A convivência com ribeirinhos e as paisagens que os circundam geraram imagens-testemunho sobre o diálogo orgânico entre o cotidiano da comunidade e a natureza de beira, natureza de rio, e desembocou em uma exposição no Campo Arte Contemporânea interligada a intervenções em casas da comunidade, em maio e junho de 2019: o Inventário Verde da Boa Esperança.