[…] Nestes tempos em que a memória virou bugiganga chinesa comprada em loja de suvenir, a fotografia do Pedro é um grito inconveniente. Há anos o seu percurso artístico está assentado sobre ruínas, catástrofes, desmoronamentos e decrepitude. Começou nos anos 2000 com uma série de imagens em grande formato feitas em favelas. Passou por cadeias, prostíbulos, igrejas, pedreiras, o Alentejo, símbolo do Portugal arcaico que se vai perdendo, e agora o fogo. Tudo fotografado com reverência de arquiteto, mergulho de etnólogo e certa aflição de quem, na beira do precipício, encara a finitude.
– [Christian Carvalho Cruz]
O Apocalipse não é uma violência de Deus como querem fazer crer os fundamentalistas. É, antes, a ascensão da violência humana a extremos, de acordo com as anotações do pensador francês René Girard, referindo-se ao último livro da Bíblia, O Livro de Apocalipse (O Livro da Revelação), também chamado de Apocalipse de João. É desse apocalipse de Girard que trata o fotógrafo Pedro Lobo.
[…] O trabalho do Pedro procura o entendimento dessa morte contemporânea, da perda e da violência. Simultaneamente representadas nas camadas sobrepostas de suas imagens, o que Pedro fotografa é o apocalipse que se dá como descoberta ou revelação ao registrar a vida nas paredes mortas. Ou quando olha para trás e encontra a luz na cor rasgada. Quando se vira e sente o frio do fogo nas cinzas.
– [Rosely Nakagawa]
Pedro S. Lobo, fotógrafo carioca formado na School of the Museum of Fine Arts (Boston) e no International Center of Photography (Nova Iorque), reside e trabalha entre o Rio de Janeiro (Brasil) e Borba (Portugal). Dedica-se prioritariamente a projetos que combinam expressão pessoal e conteúdo social.
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