A autora propõe, nos seis ensaios deste novíssimo livro, uma reflexão sobre o estatuto da imagem no mundo contemporâneo. Desde o surgimento da fotografia, e depois do cinema, que o universo das imagens técnicas não conhecia um processo de transformação tão radical quanto o do nosso tempo.
As imagens tornaram-se as principais interfaces de mediação do cotidiano, ocupando a comunicação, as relações afetivas, a infraestrutura, as estéticas da vigilância e os sistemas de escaneamento dos corpos na cidade. Ao falar em políticas da imagem, ela defende que as imagens são, para além de lugar da transmissão de ideias e linguagens, o próprio campo das tensões e disputas políticas da atualidade. Beiguelman associa a invenção e a distribuição massiva de smartphones a um novo regime de vigilância, não mais instituído pelo Estado, mas resultado da captação sistemática de dados pessoais, oferecidos deliberadamente pelos usuários às plataformas de mídias sociais – a dadosfera.
A incontável produção de imagens nos feeds e stories de redes sociais, câmaras de vigilância e registros oficiais configuram, segundo a autora, uma nova estética da vigilância. Imagem digital, selfies, memes, aplicativos de envelhecimento da imagem, Waze e Google Maps, vídeos deep fakes, escaneamento corporal, a internet das coisas, máquinas de reconhecimento facial, inteligência artificial, projeções de protesto em empenas nas cidades, censura digital, todas essas novidades do mundo contemporâneo são analisadas por Giselle Beiguelman para descrever (e ao mesmo guiar o leitor a reconhecer no mundo a sua volta) o papel da imagem nas relações sociais hoje.
Giselle Beiguelman
É artista e professora livre-docente da FAU-USP. Em 1984, graduou-se em história na FFLCH–USP e, em 1991, doutorou-se em história social pela mesma instituição. É autora de obras sobre cultura digital, como Memória da amnésia: políticas do esquecimento (Edições Sesc, 2019) e Coronavida: pandemia, cidade e cultura urbana (Escola da Cidade, 2020). Promove intervenções artísticas no espaço público e com mídias digitais. Entre seus projetos recentes, destacam-se Memória da Amnésia (2015), Odiolândia (2017), Monumento Nenhum (2019) e nhonhô (com Ilê Sartuzi, 2020). Também foi curadora do projeto Arquinterface: a cidade expandida pelas redes (2015). É membro do Laboratório para Outros Urbanismos (FAU-USP) e do laboratório interdisciplinar Image Knowledge, da Humboldt-Universität zu Berlin, e coordenadora do Gaia (Grupo de Arte e Inteligência Artificial do Inova–USP). Suas obras integram acervos de museus no Brasil e no exterior, como o ZKM e o Jewish Museum Berlin, na Alemanha; o Latin American Collection – Essex University, na Inglaterra; o Yad Vashem, em Israel; e o MAR, o MAC-USP e a Pinacoteca de São Paulo, no Brasil. Recebeu da Associação Brasileira dos Críticos de Arte o Prêmio ABCA 2016, na categoria Destaque. Suas pesquisas abordam a produção e a preservação de arte digital, arte e ativismo na cidade e as estéticas da memória no mundo contemporâneo. Foi editora-chefe da revista Select de 2011 a 2014 e é colunista da Rádio USP e da revista Zum.
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