A CERTA ALTURA, o narrador da fotonovela Jongo & Adriano, criada pelo artista Yhuri Cruz, pergunta-se em que consiste a liberdade. A resposta parece óbvia no contexto do Brasil escravocrata. Mas a parábola da fuga é uma revolta contra a escravização dos corpos tanto quanto a prisão dos afetos. Liberdade é ausência de medos e incômodos, resume Cruz.
Libertar-se da opressão cotidiana e das amarras sociais move boa parte dos artistas desta edição. Sydney Amaral afronta o hedonismo branco em colagens que escarnecem dos símbolos de prazer e de poder. O clima surreal contrasta com a sobriedade dos autorretratos em fundo preto, em que Amaral enfrenta seus dilemas pessoais e artísticos: trabalhar ou comer, viver ou morrer?
Renata Felinto revê a história das imagens de opressão e vigilância em busca de emancipação e justiça. Seu trabalho inédito é a capa da edição e o pôster dos assinantes. Ming Smith captura a vibração e a resiliência da vida negra nos Estados Unidos, enquanto um/a fotógrafo/a desconhecido/a enquadra nas curvas cênicas e batidas da orla carioca pessoas que expressam a beleza democrática do Rio de Janeiro. O amor público, relembra a escritora Eliana Alves Cruz, pode ser revolucionário.
Nas fotografias de casamento feitas por Sabelo Mlangeni, a vida edulcorada ganha nuances transcendentes. Com o namorado modelo, Pixy Liao inverte os papéis de gênero propagados pela iconografia ocidental e por sua educação chinesa. Mais de 30 anos antes, a austríaca VALIE EXPORT abraçava a sisudez urbana em performances feministas pioneiras.
Prestes a lançar seu primeiro livro, a fotojornalista Gabriela Biló revela em diário os erros e acertos, perigos e prazeres do ofício em Brasília. Para os Guarani, a memória não é uma dimensão do passado, mas a caminhada do passado e do futuro no presente. Movimentar as imagens, explica a curadora Sandra Benites, é libertá-las para a luta.
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