Beleza ameaçada
Depois de dez expedições realizadas entre 2014 e 2019, João Farkas reconhece o desafio de retratar um ecossistema que já foi objeto de muitos ensaios fotográficos. “Não valeria a pena fazer um livro com os mesmos aspectos ou com a mesma visão. Trata-se de um olhar autoral com imagens que fogem do simplesmente documental e trazem uma visão pessoal, por vezes idílica, por vezes dramática”, diz o fotógrafo. O resultado pode ser conferido no livro Pantanal, obra que reúne 80 imagens de um dos biomas mais ricos do país.
Ao mesmo tempo em que instiga mistério e distanciamento, a obra de Farkas remete a um assunto amplamente discutido e em evidência: as constantes ameaças e profundas transformações pelas quais passam o Pantanal por conta do assoreamento de seus rios e da mudança climática. “Na edição de todo o material produzido, eu incluí imagens das consequências destas alterações ao lado de fotos espetaculares e pouco conhecidas de alguns aspectos da região, como a floresta de buritis, as lagoas do Rio Paraguai e a fantástica florada dos ipês”. Ainda segundo o autor, encontrar imagens diferentes e inesperadas do Pantanal era fundamental para que as pessoas dessem atenção ao trabalho, cuja missão subjacente é alertar a sociedade para o processo de degradação ambiental.
[…] Escolhido para escrever a orelha do livro, o fotógrafo Luciano Candisani, em sua reflexão sobre a profundidade do trabalho de Farkas, afirma que a obra imprime uma tônica fiel ao que o leitor verá em seguida. Por sua vez, o biólogo Sandro Menezes Silva, professor-doutor da Universidade Federal da Grande Dourados e um dos maiores especialistas sobre o Pantanal, presenteia o leitor, no final do livro, com todo o suporte teórico necessário para entendimento da realidade deste paraíso inundado.
Nasceu em São Paulo em 1955, onde vive e trabalha. Graduado em filosofia pela Universidade de São Paulo, é fotógrafo profissional desde 1979, com especialização na School of Visual Arts e no International Center of Photography de Nova York. Foi fotógrafo correspondente das revistas Veja e Isto É, tendo sido editor de fotografia da segunda. Ganhou o prêmio Abaeté (1987) e a Bolsa Vitae de Artes/Fotografia (1987). Em 2015, lançou a exposição e livro “Amazônia Ocupada”, que teve 16 fotografias integradas ao acervo da Maison Européenne de la Photographie, em Paris.
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